sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Project for Excellence in Journalism (PEJ)

Na época em que foi publicada a coluna do Koppel sobre o caso Olbermann, 30% dos blogueiros americanos se reportaram a ela. Esse tipo de coisa é monitorado por uma ong ligada ao PEW, um instituto de pesquisas muito interessante:
Bloggers Weigh in on Koppel’s Cable Critique | Project for Excellence in Journalism (PEJ)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Ocaso da esfera pública?

Em novembro passado, Keith Olbermann - um âncora da rede americana MSNBC conhecido por suas abertas e marcadas posições políticas - teve seu programa temporariamente suspenso pelo fato de ter contribuído financeiramente para a campanha de candidatos democratas, no início do ano.

A medida, que teria o objetivo de preservar o princípio da isenção do noticiário político, contrasta com a aberta manifestação de opinião do jornalista nos próprios programas noticiosos. A suspensão foi vista como uma medida farisaica e incoerente por parte da direção da rede. Por um lado, ela permite e estimula a tendenciosidade no noticiário (o que atrai um grande público sintonizado com sua orientação política); por outro, pune o jornalista pela opção legítima de, como cidadão, apoiar financeiramente seus candidatos.


A questão traz à baila o papel da grande mídia como espaço onde a sociedade se informa e debate racionalmente, à luz dos interesses legítimos de seus diferentes segmentos.

Na medida em que as grandes redes de comunicação passaram a tratar o noticiário político, nacional e internacional, segundo os critérios do lucro e da consequente disputa por audiência, o interesse do público (de cada um dos diferentes públicos) passou a se sobrepor ao interesse público pela informação objetiva e o debate aberto e racional. 

O papel de abrigar e alimentar a esfera pública, que já foi da ágora, dos cafés ou dos comícios e passou em certo momento para a grande mídia, agora está sem "patrocinador". Não haverá mais esfera pública ao nível nacional, no que depender dos meios de comunicação. O noticiário nacional cada vez mais é centrado em calamidades e violências locais. E as notícias internacionais seguem o mesmo caminho. Enquanto isso, na internet, nos canais a cabo, cada um busca a informação política junto à sua turma, que apresenta os "fatos" à sua feição, filtrados por e embebidos pelo mesmo tipo de opinião.

O jornalista americano Ted Koppel vê nesse fenômeno, melancolicamente, um fait accompli, uma tendência sem volta. "The transition of news from a public service to a profitable commodity is irreversible", diz ele.

Perdem-se os valores de clareza e objetividade do velho jornalismo, em troca da proliferação de opiniões cujo maior compromisso é com a conquista de audiências que buscam só o que lhes agrada ouvir.

The need for clear, objective reporting in a world of rising religious fundamentalism, economic interdependence and global ecological problems is probably greater than it has ever been. But we are no longer a national audience receiving news from a handful of trusted gatekeepers; we're now a million or more clusters of consumers, harvesting information from like-minded providers.
(...)
Broadcast news has been outflanked and will soon be overtaken by scores of other media options. (...) Technology and the market are offering a tantalizing array of channels, each designed to fill a particular niche - sports, weather, cooking, religion - and an infinite variety of news, prepared and seasoned to reflect our taste, just the way we like it. As someone used to say in a bygone era, "That's the way it is."
Ted Koppel, who was managing editor of ABC's "Nightline" from 1980 to 2005, is a contributing analyst for "BBC World News America."
Buscar os novos espaços de um jornalismo democrático, ao mesmo tempo objetivo e politicamente plural , é um desafio - e não dos menores - que se coloca aos profissionais e aos estudiosos da comunicação na nossa época.

Rejane Xavier - janeiro 2011