terça-feira, 28 de junho de 2011
domingo, 26 de junho de 2011
Paulo Renato
Paulo Renato fala sobre a sua gestão na educação de São Paulo
O ex-ministro Paulo Renato Souza morreu na madrugada deste domingo, aos 65 anos
O ex-ministro Paulo Renato Souza morreu na madrugada deste domingo, aos 65 anos
terça-feira, 14 de junho de 2011
PARADOXOS DA DEMOCRACIA
PARADOXOS DA DEMOCRACIA[1]
A democracia não é meramente um mecanismo de tomada de decisões por meio do voto: é uma forma de vida, um progresso moral em relação ao puro e simples jogo de forças.
A democracia não é meramente um mecanismo de tomada de decisões por meio do voto: é uma forma de vida, um progresso moral em relação ao puro e simples jogo de forças.
Rejane Xavier
Dificilmente se encontrará, hoje, quem esteja disposto a contraditar a tese de que , na busca da solução dos conflitos sociais, a prevalência da vontade da maioria, aferida através do voto, é a forma democrática por excelência de decisão. O bom senso parece indicar que, onde não é possível que todos fiquem satisfeitos, o voto majoritário é o instrumento que permite assegurar que pelo menos a maioria estará satisfeita, por ver seu ponto de vista prevalecer.
Entretanto, se isto é perfeitamente válido para cada controvérsia específica, a análise lógica mostrará resultados inesperados e surpreendentes, ao tomarmos como universo o conjunto dos interesses entre os quais uma dada sociedade se vê levada a arbitrar, em determinado momento.
Não estamos falando simplesmente da faceta potencialmente perversa da democracia, de permitir que as minorias sejam massacradas e excluídas pelas maiorias. Na verdade, é possível mostrar que o processo democrático do voto pode promover a exclusão e a frustração das próprias maiorias, já que o domínio da maioria não garante que a maioria das pessoas consiga o que deseja.
Consideremos o exemplo abaixo, em que cinco votantes expressam as suas preferências em relação a cinco proposições em pauta:
Votantes
|
Resultado
| |||||||
A
|
B
|
C
|
D
|
E
| ||||
Proposições
|
1
|
1
|
1
|
0
|
0
|
0
|
Rejeitada
| |
2
|
0
|
0
|
1
|
0
|
1
|
Rejeitada
| ||
3
|
0
|
0
|
1
|
1
|
1
|
Aprovada
| ||
4
|
1
|
0
|
0
|
1
|
1
|
Aprovada
| ||
5
|
0
|
1
|
0
|
1
|
1
|
Aprovada
| ||
Perd
|
Perd
|
Perd
|
Ven
|
Ven
| ||||
1 - Aprova Perd: perdedor líquido
0 - Rejeita Venc: vencedor líquido
Marcador rosa: quando o resultado saiu de acordo com a preferência do votante
O exemplo mostra que, neste caso, a maioria dos votantes teve a maioria das suas preferências derrotadas!
O que mostra esse paradoxo, apontado por Elizabeth Anscombe[2], é que pode ocorrer que a maioria dos participantes de um conjunto de escolhas decididas por maioria simples tenha rejeitadas não só a sua própria proposta, como a maioria das propostas que apoiou. Analisando o exemplo de Anscombe, a conclusão de Peter Geach[3] é de que "este modelo em pequena escala mostra muito claramente como um governo democrático pode causar aguda frustração à maioria de seus cidadãos através de uma série de medidas, cada uma das quais poderia com propriedade ser descrita como sendo rejeitada apenas por uma minoria, por um 'interesse setorial'; na verdade, a menos que um bom número de 'interesses setoriais' prevaleça, o país será profundamente infeliz".
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