terça-feira, 30 de março de 2010

A orla do Guaíba: polêmica

Recebi do Flávio Xavier o texto abaixo - não sei se é dele mesmo ou se ele transcreveu de outro autor. O assunto é polêmico - parece que muitas cidades, em todo o mundo, têm modernizado suas orlas com esse tipo de empreendimentos comerciais - e certamente merece uma reflexão. Aí vai:

"Hoje no aniversário de Porto Alegre temos um dia de luto. Nossa cidade, apenas nesta administração de vereadores foi muito enfeiada e mal tratada, e a maior parte dessas obras que agridem nossa cidade nem são do conhecimento da maioria. Vejamos alguns exemplos de realizações dos atuais vereadores e do prefeito Fogaça que provavelmente você nem sabia.

1- Vc sabia que apenas nesta administração foi aprovada a construção de um shoping Center ao lado do gasômetro e tocando a água do Guaiba?

2- Vc sabia que 15 prédios foram aprovados na orla do Guaiba, quase todos em menos de 100 metros da água, tirando espaço público da população, muitos em áreas do parque Marinha? São eles os diversos prédios do Estaleiro Só, dois ou três prédios no Cais Mauá, dois em cada Shoping da beira rio, três junto ao beira rio, e um para a Ospa?

3- Vc sabia que o muro da Mauá vai seguir lá, inclusive agora com privatização da parte da beira rio (uso privado de 50 anos para alguns abonados)?

4- Vc sabia que a bienal e a feira do livro foram expulsas da beira rio, nunca mais teremos estes eventos culturais ali e que o falado Museu de Arte Contemporânea que seria nos armazéns da beira rio ficou no projeto?

5- Vc sabia que o mais alto prédio do centro, um prédio de 33 andares, apenas de escritórios, será construído dentro do passeio público do cais, defronte a rodoviária, com a aprovação de 29 dos atuais vereadores (todos), menos os valiosos votos indignados de apenas 4 vereadores (Carlos Todeschini (PT), Sofia Cavedon (PT), Maria Celeste (PT), Lúcio Barcelos (PSOL) e Fernanda Melchionna (PSOL))?

6- Vc sabia que trocaram a leitura cientifica do Guaiba de rio para lago, apenas para poder “urbanizar” de edifícios o parque Marinha?

7- Vc sabia que o lema da administração municipal para o nosso trânsito é: “o trânsito de Porto Alegre continua em nossas mãos”, referindo-se ao novo sinal de trânsito para faixas de segurança? Esse lema é evidentemente um escárnio, diante dos engarrafamentos sem fim que tomaram conta de Porto Alegre, escapando não apenas das nossas mãos, como das mãos da administração pública! Essa administração não trouxe o metro para Porto Alegre, e as únicas providências que tomaram sobre os engarrafamentos que denotam a falência da estrutura viária da cidade foram: diminuir o tempo de semáforo para os pedestres e roubar espaço das calçadas para os carros.

8- Vc sabia que uma das obras do cais será um enorme edifício de estacionamento para carros?

Essa não é uma cidade melhor nestes últimos anos. Temos um momento de tristeza para lembrar da cidade hoje. Vamos providenciar um movimento menos ufanista para lembrar que estamos tristes com nossos políticos que vendem áreas públicas para a especulação imobiliária e para as construtoras. Uma caminhada no entorno do gasômetro seria um local emblemático para um protesto deste tipo. Uma proposta de mudar o nome da cidade para “Porto nem tão Alegre”, também poderia ser examinada."

sexta-feira, 26 de março de 2010

Video muito engraçado

Pessoal, o video anexo é muito engraçado! Não deixem de olhar.

Demolição da escola (só clicar no link)

(acho que precisa ter o Real Player instalado)

sexta-feira, 19 de março de 2010

O Caim de Saramago: ironia, sátira, heresia

José Saramago, o Nobel português de literatura, usa Caim para atacar Deus, em seu mais recente trabalho. Ou melhor: é com uma certa idéia de Deus – idéia criada e cultivada pelos homens – que ele quer ajustar contas. Confessadamente ateu, por que ele se daria ao trabalho de atacar – algo, alguém – que não existe?

Saramago já tinha reescrito à sua moda o Novo Testamento, em O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991). Em Caim ( Companhia das Letras, 2009) ele revisita o Velho Testamento, convencido de que “o Deus dos cristãos não é esse Jeová”.

Não é o primeiro grande escritor português a fazer isso. Fernando Pessoa usa o menino Jesus para contrapor, à idéia do deus distante, do pai que julga e condena, um deus criança, irmãozinho, travesso, próximo e cúmplice das travessuras humanas:
“Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano, que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso, que eu sei com toda certeza,
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
Pois esse menino Jesus de Pessoa, fugiu do céu, porque lá, explica, “tudo é estúpido como a igreja católica” e “Deus é um velho estúpido e doente”.

Em Caim não há nenhum deus bonzinho para substituir ou contrabalançar o deus terrível, criador e algoz da humanidade, que Ele parece se comprazer em fazer sofrer.
Arbitrário e injusto, Deus recusa as oferendas de Caim, enquanto aceita as de seu irmão, Abel, sem nenhuma razão aparente. Caim mata o irmão, e se torna o contraponto que Saramago escolhe para denunciar os “absurdos” que lhe parecem povoar as atitudes divinas no Velho Testamento.

Com ironia, humor e até alguns momentos picantes, Caim – espécie de dom Quixote, montado em um asno –, se desloca pelos lugares e épocas da velha Terra Santa testemunhando, e às vezes intervindo em conhecidos episódios bíblicos.

Deus manda Abraão sacrificar o próprio filho, Deus se vinga dos homens que queriam chegar até ele construindo uma torre, Deus despeja fogo sobre as cidades pecaminosas de Sodoma e Gomorra, exterminando pecadores e inocentes; Deus se aborrece com a sua criação e manda o dilúvio para destruir (quase) tudo...

As histórias são conhecidas, as idéias de Saramago a respeito delas também. O que torna esse livro tão interessante? A provocação, por um lado: ele nos obriga a pensar, até mesmo para poder refutá-lo, se não concordarmos com ele. Mas sobretudo as qualidades literárias da narrativa, que nos prende do começo ao fim. Caim tem algo da novela picaresca ibérica e algo do realismo mágico latinoamericano, uma pitada de cordel, um tempero on the road, um aroma de relato heróico clássico e até um acento paradoxalmente bíblico. A mistura deu certo, acredito. E recomendo.

quarta-feira, 10 de março de 2010

A experiência de Zimbardo

Este video já foi tirado uma vez do You Tube: olhem logo.
Foi um professor de Psicologia de Stanford, que para estudar os efeitos do autoritarismo criou uma "prisão" super realista no porão da universidade. Os resultados foram surpreendentes!


domingo, 7 de março de 2010

Brasília

Repico um comentário da Gianna, no Facebook:

Gianna Xavier "Brasília é um futuro que aconteceu no passado. É o fracasso do sucesso mais espetacular do mundo. Brasília é uma estrela espatifada." Ai Clarice [Lispector], se você soubesse o que fizemos com essa cidade.....

sábado, 6 de março de 2010

Mais uma da Cinthia

Já recomendei o blog da Cinthia, Palavras Abraçadas. Mas gostei tanto de uma das crônicas que ela escreveu lá, que resolvi colocar o link aqui:
http://palavrasabracadas.blogspot.com/2010/02/desabafo-candango.html
Não tenho tanta autoridade quanto ela (afinal, cheguei aqui quase aos 50 anos), mas assino embaixo!