Ernesto Xavier Filho

Este texto foi escrito por um jornalista - agora não lembro o nome - que andou pesquisando sobre o Ernesto Fº. Como se concentra na "fase nativista" do mano, achei que combinava com o que andamos conversando aqui ultimamente. Então, aí vai:

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Aportar depois (Ernesto de Freitas Xavier Filho - Paulo do Carmo)
 I 
Ernesto, na certidão; Ernestinho, para se diferenciar do pai; Tinho, na abreviação infantil das irmãs pequenas; Tinhosinho, na tradução maliciosa dos irmãos maiores. E o menino adotou o apelido, conforme registro da revista colegial “O Rosariense”, de 1954, sobre o aluno que criara um centro nativista: “Ernesto Xavier, um dos elementos basilares da Estância da Amizade, é chamado entre seus amigos de ‘Tinhoso’, o que, em bom regionalismo, quer dizer ‘impossível’, ‘cheio de artimanhas’, ‘que tem o diabo na alma e o bicho carpinteiro no corpo’. E como toca violão!”
Ernesto de Freitas Xavier Filho era o quarto filho do improvável casamento de um gaúcho, positivista anti-clerical, e uma jovem pernambucana católica, fervorosa devota de São José. Viúvo, um filho para criar e carreira consolidada como agrônomo e catedrático da Universidade Federal, Ernesto de Freitas Xavier exercia o prestigiado posto de diretor do tradicional Colégio Julio de Castilhos, quando pôs os olhos na jovem professora Giovanna, recém chegada do Nordeste. Ela perdera a mãe aos nove meses de idade. Fora criada pelo avó, pelas tias e, mais tarde, pela madrasta, uma alternância de tutelas que não fazia bem à menina. O problema agravou-se quando, já moça, Giovanna se converteu ao catolicismo, uma suprema afronta à família, praticante o espiritismo. Restou à jovem mudar de ares. Graças à ajuda das freiras, com quem havia feito a catequese em Recife, transferiu-se para Porto Alegre, onde daria aulas numa escola da mesma ordem religiosa. Logo, conseguiu uma vaga no corpo docente do ‘Julinho’, onde conhecer Ernesto. Foi uma “paixão avassaladora”, no dizer de um amigo do casal, o historiador Mozart Pereira dos Santos.
Da fecunda união, foram nascendo os filhos, que se somariam ao pequeno Eduardo, do casamento anterior de Ernesto. Primeiro, Maria Galdina, que recebeu o nome da avó paterna. A seguir, uma seqüência de varões: Raul, que recebeu o nome do avô materno; Theodomiro, nome do bisavô materno (para cuja casa foi a pequena Giovanna, ao perder a mãe aos 9 meses); Guilherme, homenagem ao chefe republicano Guilherme Flores da Cunha, morto em combate durante a Revolução Federalista, e Edmundo, nome do tio paterno (irmão do pai, Ernesto). Somente quando nasceu o quinto filho, na véspera do Natal de 1937, ano em que Getúlio Vargas decretara o Estado Novo, Ernesto cedeu à tentação de batizá-lo com seu próprio nome. Anos mais tarde, vieram as meninas: Rejane, nome de uma prima da mãe, e, finalmente, Giovanna, filha.
A família morava na estrada do Mato Grosso – hoje, Lomba do Pinheiro – mas à medida em que chegavam os filhos, a casa, pertencente à Faculdade de Agronomia, ia ficando pequena. Além de professor da Universidade Federal e técnico graduado da Secretaria da Agricultura, o professor Ernesto ampliava seus ganhos avaliando terras para o Banco do Brasil e realizando trabalhos de topografia para plantadores de arroz. Assim, conseguiu dinheiro para comprar uma casa na Vila Assunção, grande o suficiente para abrigar a prole.
Distante do centro, a Vila Assunção era um belo recanto pouco urbanizado, às margens do Guaíba. Assim, os filhos cresceram em um ambiente quase rural. Podiam andar a cavalo, subir em árvore, correr pelo campo e nadar no rio, tudo o que o professor Ernesto julgava importante para uma infância sadia. Lá pelos seis anos de idade, o pequeno Ernesto, então apelidado de Neno, ouviu, assustado, os irmãos dizerem que "urubu come bicho morto". Certo dia, andando sozinho pela Vila Assunção, viu um grupo de urubus voando em círculos – em torno dele, imaginou na sua cabecinha de criança. Em poucos minutos, chegou em casa correndo, suado, agitando os braços freneticamente. Perguntado sobre o que ocorrera, ele explicou: - Eu se mexi, se mexi, pra o urubu pensar que eu estava vivo! 
Os meninos aproveitavam a vida. Os mais velhos aderiram à inusitada prática da pelota basca, na modalidade ‘paleta goma’, que fora implementada na zona sul por um uruguaio, funcionário da incorporadora responsável pela urbanização do bairro. Era, provavelmente, a única cancha existente na cidade. Mas Neno não queria saber de esportes. Toda a energia que dispunha estava a serviço de sua curiosidade insaciável. Cada eletricista ou encanador que aparecia para fazer algum conserto na casa, o menino juntava-se a ele. Acompanhava passo a passo o desenrolar do serviço e enchia o sujeito de perguntas: ‘como se faz isso’, ‘pra que serve essa ferramenta’, ‘e agora, o que o senhor está fazendo’, ‘posso ajudar’... Ou então, passava os dias cavoucando o quintal para conhecer de perto a vida dos bichinhos da terra.

II 
 Alguns negócios imobiliários bem sucedidos proporcionaram ao professor Ernesto capital suficiente para realizar um velho sonho: ter sua própria granja, onde produziria e venderia diretamente aos consumidores, sem a intervenção dos ‘atravessadores’. Adquiriu uma área em Triunfo, com cerca de 400 hectares, distante uma hora de barco, subindo o rio Jacuí. E a granja Santa Clara começou a produzir. À plantação de arroz, principal atividade, foram incorporadas outras culturas, como milho, batata, feijão, amendoim e sorgo e uma considerável pecuária: 30 vacas leiteiras holandesas, 80 reses para engorde, 10 cavalos, cerca de 30 galinhas e mais porcos, ovelhas, marrecos, perus e cabras para consumo próprio.
Com a nova situação, a família foi dividida. Maria Galdina e Raul foram morar na granja. Theodomiro e Guilherme passavam o dia na propriedade e retornavam a noite, de barco, para estudar no Julio de Castilhos e dormir na cidade. Edmundo e Ernesto estudavam no Colégio Rosário e só iam para a granja nos fins de semana e nas férias. Mas, na cidade, desempenhavam uma dura missão: levantavam às quatro e meia da manhã, recebiam leite no cais do porto e procediam a distribuição de casa em casa na zona onde moravam.
Além das lides agrícolas, as crianças travavam conhecimento com tipos humanos raros. Um deles era o capataz da granja, que viera de Camaquã em liberdade condicional, condenado por dois homicídios. O sujeito era mestre na arte da “empulhação”, o linguajar ambíguo, recheado de malícia, que sempre deixava o interlocutor em maus lençóis. Apesar de brincalhão, protegia a granja com severidade, a ponto de fechar ilegalmente a via pública que cortava a propriedade, só permitindo a passagem de quem lhe pedisse autorização.
Havia ainda um taipeiro beirando os 70 anos, que vivia maritalmente com duas mulheres, irmãs entre si, o que povoava as fantasias precoces dos meninos. Quando lhe perguntavam como fazia para escolher com qual das duas dormiria, o bígamo explicava: - Conforme o parpite. Outra figura que arrancava gargalhadas dos irmãos Xavier era o velho Pompílio, com suas tiradas: - O que vamos plantar esse ano, Pompílio? - Depende das arrezolvências do dotô. Ou então: - Não sou narfabético. Conheço algumas letras, mas só das antigas.
Com o tempo, as atividades da Granja Santa Clara foram tomando outro rumo. Um dos irmãos, Theodomiro, já estudava Medicina e defendia que o futuro da família não estava na granja, mas sim nos estudos. A venda direta ao consumidor significava um grande esforço para pouco resultado. “Surgiu a consciência, entre os irmãos, de que a granja não daria futuro para tantas pessoas”, escreveria Ernesto (1). “O que produzíamos sofria um grande desgaste, pela subvalorização dada aos produtos pelos intermediários”. Ou, como definiria com mais precisão: “A granja era grande como brinquedo e pequena como futuro”.
Contrariado, o pai rendeu-se à amarga realidade. Em vez da venda direta, passou a entregar seus produtos aos grandes: o leite, à Deal; os porcos, à Frigosul; os produtos agrícolas, à Copal. A granja ficou praticamente limitada a ser um espaço de recreação.
Em meados de 52, o jovem Ernesto ouviu falar de um tal Centro de Tradições Gaúchas, denominado “35” – alusão óbvia ao ano da Revolução Farroupilha – que funcionava no Salão Nobre da Federação das Associações Rurais, a Farsul. O 35 CTG fora criado quatro anos antes, quando um grupo liderado por Luis Carlos Barbosa Lessa e Paixão Cortes, com base em pesquisas sobre hábitos e costumes do passado, começou a formular as bases do que seria o movimento tradicionalista gaúcho.
Ernesto inventou de ir sozinho a uma destas reuniões, num sábado à tarde. Foi recebido com chimarrão e um exemplar de um livro de poesias, chamado “Versos Crioulos”. Os integrantes do grupo, tocavam violão, declamavam, contavam ‘causos’ e trocavam idéias sobre qualquer assunto, especialmente as tradições gaúchas.
O convívio no grupo abriu uma fonte de fascinação para o jovem Ernesto. Ele relataria: “No 35, encontrei uma acolhida muito boa. Não havia o espírito competitivo; mas havia estimulação para aprender mais sobre o Rio Grande do Sul, para expressar-se melhor em artes, história e coisas campeiras. Valia a camaradagem, a roda de mate, o treinamento em lidar com pessoas de idades diferentes”. As visitas ao 35 tornaram-se freqüentes, à noite ou nos sábados, quando não ia para a granja. Passou a ler obras de Simões Lopes Neto, Darcy Azambuja, Vargas Neto e livros sobre a história do Rio Grande, a começar pela clássico “O sentido e o espírito da Revolução Farroupilha”, de J.P. Coelho de Souza. Terminou por preencher uma proposta de sócio, mas foi advertido de que a aceitação demoraria algum tempo.
Finalmente, depois de uma ansiosa espera, veio a resposta positiva. Mas, antes, deveria apresentar uma ‘condição de ajuste’, ou seja, alguma obra de autoria própria enaltecendo o Rio Grande, a ser lida em sessão pública. Escreveu um conto e o leu para uma atenta platéia de 40 pessoas. Ao final, recebeu palmas de aprovação. O mesmo não aconteceu com o seu sucessor na ordem de apresentação. Ao avaliar determinado episódio histórico, referiu-se de forma pouco lisonjeira a um ancestral de uma pessoa que estava na platéia. A reação do parente foi agressiva e o pretendente foi aconselhado a refazer o trabalho, mudando a abordagem. O terceiro na ordem de apresentação foi um jovem de nome americanizado que, utilizando diapositivos – uma modernidade, para a época – fez uma bela resenha da história gaúcha. Chamava-se Early Diniz MacCarthy Moreira, que, três décadas depois, chegaria a reitor da Universidade Federal.
Concluído o ritual de passagem e aceito no grupo como “pessoa da casa”, restava ao jovem Ernesto comunicar os fatos à família. Ele relataria: “Ninguém entendeu por quê e para quê eu ingressara no 35 CTG. Defendi minha opção, argumentando que também não sabia por quê e para quê, mas, entretanto, achava melhor do que ir ao cinema ou ficar lendo em casa. A conversa progrediu...

 III 
 O tradicionalismo entrou na alma e no cotidiano a vida do jovem Ernesto com vigor. A própria granja da família adquiriu, para ele, um novo sentido: tornou-se o espaço ideal para as pesquisas in loco sobre os hábitos campeiros. Tratou de freqüentar as festas e canchas retas de Triunfo. Perguntava aos peões sobre todas as peças de arreios e de carretas, prestava atenção nas conversas e especializou-se na linguagem das “empulhações” ou “empulhas”, as frases maliciosas de duplo sentido. Buscou também aperfeiçoar técnicas de montaria, primeiro com os cavalos ariscos; depois, os mal domados e, finalmente, os xucros.
Entre os exímios violeiros do 35, destacava-se o virtuosismo de Tierry de Castro. Ernestinho escutava, fascinado, a musicalidade que ele extraía de seu instrumento. Imaginava-se tocando violão com igual perícia e não perdeu tempo. Certo dia, apareceu no CTG com um violão velho e descascado, que havia adquirido por alguns cruzeiros de um peão da granja. Além do péssimo estado do instrumento, uma frase escrita em esmalte de unha escarlate intrigou seus colegas: “20 da tarra”. Na semana de seguinte, procurou o antigo dono para esclarecer o significado da frase misteriosa. O peão estranhou a indagação. Correndo o dedo pela inscrição, respondeu, como se fosse uma obviedade: - Sou da farra! Naturalmente, o S estava invertido e faltavam o U e um traço no F.
Com o bizarro violão 20 da tarra, Ernestinho ingressou no mundo da música, do qual nunca mais sairia. Sentava ao lado dos violeiros mais velhos e procurava imitar seus movimentos e posições. Como fazia com os encanadores da Vila Assunção, indagava dos violeiros como fazer determinado acorde, como passar de sol para mi e assim por diante. Muitos eram pouco pacientes com a impertinência do rapaz, mas Tierry de Castro aceitou de bom grado a tarefa de ensinar a ele as técnicas e os truques do violão. Aos poucos, passou a acompanhar o grupo principal do 35, declamando e tocando violão – apenas o acompanhamento – nas apresentações em escolas, clubes, igrejas ou para autoridades.
A esta altura já havia atraído para o CTG e para o violão dois de seus irmão mais velhos, Theodomiro e Guilherme. O ponto culminante de sua trajetória no 35 foi uma excursão a Montevidéu, durante as férias de julho de 1953, a convite da lendária ‘Entidad nativista El Pericón’, com todas as despesas pagas. Culminante na grandiosidade e no desfecho. Entre as apresentações praticamente diárias, duas ocorreram no imponente Teatro Solis. “Recordo o esforço para vencer a responsabilidade de declamar sozinho no palco para uma platéia sisuda e vestida de gala”, ele descreveria.
Mas o 35 passava por uma crise de identidade que poderia ser resumida no dilema: institucionalizar-se ou não? “Começamos a discutir estatutos e regimento interno, em sessões intermináveis. Quase mais nada era feito a não ser pequenas ilhas de diversão e situações engraçadas”. O rumo das discussões desagradava uma parcela dos associados mais jovens, em sua maioria estudantes que desejavam investir em música e estudos sociológicos sobre o gauchismo, seus usos e costumes. O descontentamento redundou em dissidência. Dia 13 de julho de 1953, foi fundada a Sociedade Tradicionalista Estância da Amizade, tendo como presidente Theodomiro de Freitas Xavier.
Ernesto saudaria o novo grupo em verso crioulo.
Os peões que se juntaram 
Reunidos num galpão
Pra fazer o trabalho
Resolveram sem atalho
Dar o nome de “estância”
A um grupo de importância
Para o bem da tradição 
 Nesta altura, Ernestinho já possuía um violão decente, um Salmerón, comprado na própria fábrica de um paraguaio solteirão dado a boemia e serenatas, com quem fez amizade. Mais adiante, passou a ter aulas com um professor, o músico José Gomes, utilizando o método criado pelo violonista espanhol Francisco Tárrega. Aos poucos, foi incorporando outros sons ao repertório, guarânias, músicas criolas platinas e, finalmente, a bossa nova.

IV 
A família Xavier estava de endereço novo. Saíra da Vila Assunção, vivera algum tempo num sobrado da Avenida João Pessoa, defronte à pira da Pátria, e chegara, enfim, ao ‘porão’. Giovanna conciliava as atividades de professora com a de assistente social da Santa Casa de Misericórdia. Ficou sabendo que a Santa Casa dispunha de alguns imóveis para alugar a preços módicos, nos arredores da instituição. O escolhido foi um sobrado na Rua Sarmento Leite, 65, cujo andar térreo era tão baixo que se assemelhava a um porão, daí o apelido. Ali, foram acomodados os meninos, sob a tolerante vigilância do pai. A mãe e as meninas Rejane e Giovanninha ocupariam o andar de cima.
O ‘porão’, na verdade, acabou funcionando como sede do novo grupo. “O ‘Estância da Amizade’ era um grupo que congregava universitários de diferentes origens sociais. Tínhamos companheiros filhos de fazendeiros riquíssimos. Por outros lado contávamos com pessoas de origem modesta, filhos de pequenos funcionários mais ou menos remediados, de bancários a comerciantes simples. Praticamente, todos nós tivemos namoros cruzados, muitos dos quais resultaram em casamentos”. Foi o caso de sua irmã mais velha, Maria Galdina, que casou com um grande fazendeiro de São Gabriel.
Muitas vezes, preservar as tradições significava comprar brigas. Certo dia, um indivíduo de bombachas foi proibido de ingressar no cine Ritz. Num arrebatamento cívico, o ‘Tinhoso’ resolveu tirar a limpo. Reuniu um pequeno grupo e se foram pilchados ao cinema, dispostos a armar uma confusão, caso a proibição se repetisse, o que não ocorreu.
De outra feita, os membros do grupo desviaram o trajeto de uma cavalgada em direção à Rua Duque de Caxias, para saudar Borges de Medeiros. Quando o velho caudilho apareceu na sacada, Ernesto fez a saudação: - Indiada de lenços brancos e colorados: tiremos nossos chapéus em homenagem voltada não a um político, mas a um pedaço da história do Rio Grande!
A poucos metros do ‘porão’, ficava a casa de Paixão Cortes, que havia criado o grupo “Tropeiros da Tradição”. Assim, os ensaios, terminavam em tertúlias conjuntas. Ernesto chegou a viajar com os “tropeiros” que se apresentaram nos festejos do quarto centenário de São Paulo. Anos mais tarde, ele sistematizaria alguns postulados que orientaram sua conduta como membro do movimento tradicionalista: não lhe agradava discutir separatismo; não lhe atraía a teorização sobre o tradicionalismo; considerava um atraso retomar usos e costumes perdidos; não achava adequado abusar do castelhanismo no linguajar, mas considerava recomendável vestir-se com simplicidade na pilcha – bombachas, camisa e alpargatas –, evitando adereços exóticos.
A concorrência desleal do nativismo sabotava os estudos de Ernestinho. Depois de concluir o ginásio no Rosário, passou por uma sucessão de repetências e trocas de colégio. Mesmo com uma enorme facilidade para aprender, atrapalhava-se nas provas e deveres de casa. Só conseguiu concluir o científico em 1959, no Colégio Ruy Barbosa, quando os ímpetos nativistas começavam a arrefecer. Com a ênfase aos estudos, o nativismo sumiria de seu cotidiano por alguns bons anos, como fim de uma etapa, mas o violão, não. Ele já dominava o instrumento com destreza, a ponto de se atrever a dar aulas particulares a amigos e interessados. Nesta época, o já compenetrado Ernesto de Freitas Xavier Filho havia decidido o destino de sua vida, que perseguiria com fervor: a Medicina.