segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

A internet esta' nos tornando burros?

Essa e' a tese do escritor americano especializado em IT, Nicholas Carr:
"For me, as for others, the Net is becoming a universal medium, the conduit for most of the information that flows through my eyes and ears and into my mind. The advantages of having immediate access to such an incredibly rich store of information are many, and they’ve been widely described and duly applauded. “The perfect recall of silicon memory,” Wired's Clive Thompson has written, “can be an enormous boon to thinking.” But that boon comes at a price. As the media theorist Marshall McLuhan pointed out in the 1960s, media are not just passive channels of information. They supply the stuff of thought, but they also shape the process of thought. And what the Net seems to be doing is chipping away my capacity for concentration and contemplation. My mind now expects to take in information the way the Net distributes it: in a swiftly moving stream of particles. Once I was a scuba diver in the sea of words. Now I zip along the surface like a guy on a Jet Ski."
From Is Google Making Us Stupid?
The Atlantic, July-August 2008
H'a uma entrevista dele em portugues,  no Globo, onde ele desenvolve essa id'eia:
http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2010/12/06/escritor-americano-critica-superficialidade-da-internet-alerta-para-perda-de-foco-923196705.asp

terça-feira, 2 de novembro de 2010

DEPOIS DO CETICISMO

Depois desta campanha eleitoral emburrecedora de 2010, resolvi revisitar textos antigos de Filosofia. Na época deste, eu ainda nem tinha mudado de sobrenome!




Manuscrito, XI, 2 (1988), pp. 113-123.

DEPOIS DO CETICISMO

Rejane Carrion[1]
Universidade Federal do Rio Grande do Sul

O ceticismo põe em dúvida, de forma extremamente rigorosa e conseqüente, nossa capacidade de chegar a crenças verdadeiras justificadas. Para salvar, contudo, a comunicação e a ação, impossíveis sem uma base de crenças compartilhadas, o cético apela a uma linguagem destituída da força ilocucionária da asserção, ou a um domínio natural ou prático, capaz de fornecer certezas ao mesmo tempo não fundadas e não sujeitas a dúvida. Procura-se mostrar que um cetidsmo contemporâneo encontra bloqueadas ambas essas saídas, o que o obriga, pelo menos, a se tornar muito mais radical.

Scepticism casts doubt - in a very rigorous and consequential way - on our ability to reach true justifiable beliefs. In order to preserve the possibility of communication and action (which depends upon shared beliefs), the sceptic appeals either to a language devoid of assertive illocutionary force or else to a natural or practical domain. The latter provides certainties which are neither grounded nor subject to doubt. In this paper an attempt is made to show that both ways are blocked for a contemporary sceptic. This fact forces him, at the very least, to become much more radical.

domingo, 24 de outubro de 2010

Piada lógica

Anedota que está, salvo engano, no livro O Universo Numa Casca de Noz:
Um engenheiro, um físico e um matemático estão viajando de trem pela Escócia quanto veem uma ovelha negra passar.
- Interessante! As ovelhas escocesas são negras – diz o engenheiro.
- Você quer dizer que algumas ovelhas escocesas são negras, não? – replica o físico.
O matemático responde:
- Não! Tudo o que sabemos é que há pelo menos uma ovelha na Escócia e que pelo menos um lado dessa ovelha é negro!

Read more: http://grandeabobora.com/da-impossibilidade-de-uma-refutacao-completa-da-astrologia.html#ixzz13HtmBVXe

domingo, 17 de outubro de 2010

Escher

Clique neste botão para ver um ladrilho no estilo do Escher ("tessellations", aqueles desenhos que enchem a página toda).
Abre num site que ensina como fazer esse tipo de desenho.
Clicando várias vezes aparecem desenhos diferentes
button for tessellations.org






Ladrilho do Alhambra (Córdoba)

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Promessa ou terror?

Goya - O sono da Razão

Max Weber observa, ao estudar as religiões, a existência nas sociedades de um ciclo entre dois modos religiosos fundamentais: religiões de salvação – que perseguem uma meta transcendental, via profecias e líderes carismáticos – e religiões de aceitação, que promovem a adaptação do homem ao mundo, mediante regras e rituais.As primeiras possuem um potencial revolucionário, na medida em que se propõem a mudar o mundo, ou pelo menos a não aceitar a sua realidade e suas leis como um valor supremo.
Segundo Weber, um padrão semelhante se observa em relação ao Direito: uma passagem, das sociedades tradicionais regidas pelo sagrado, à lei dos juristas, racional e impessoal.
No campo da Economia, igualmente, as universais regras do mercado passam a predominar sobre as antigas regulações econômicas baseadas no costume ou na religião. Das leis do mercado não se pode afirmar que sejam injustas: as “injustiças” (desfavorecimentos, exclusões) que distinguem as classes decorrem de regras racionais (gerais, válidas para todos) e não da tradição, como os privilégios de castas.
O problema, que Weber reconhece, é que pela política racional e pela organização econômica do mercado os desfavorecidos não conseguem “virar o jogo”, mas na melhor das hipóteses chegam a obter um certo alívio para a sua situação de inferioridade.
O que parece estar ocorrendo no nosso país e em boa parte do mundo – a chamada “crise da representação”, a desconfiança nas instituições –  poderia ser um sintoma de que “as massas” estão sentindo que dentro da racionalidade política do capitalismo e das regras da democracia representativa elas não têm e não terão vez?
A saída pela adaptação, a trabalhosa busca individual, nem sempre recompensada, de ascenção pelo caminho da educação e da carreira profissional entusiasma cada vez menos, especialmente aos jovens, descrentes dos horizontes que o sistema lhes apresenta .
Outra saída, mais atraente, seria então uma política carismática de massas que começasse tudo de novo. Chávez, Lula-nunca antes nesse país, representariam a esperança nessa promessa de um novo ciclo de salvação, onde as leis e as instituições perdem a sua vigência e uma nova profecia acena com um outro mundo possível. O caminho da salvação requer sobretudo a confiança cega em lideranças carismáticas, que contestam ou parecem fugir da “racionalidade do sistema” para trazer mudanças, “na lei ou na marra”.
O grande problema é que as lições da História, até agora, não têm sido muito animadoras em relação aos resultados dessas viradas radicais. As “grandes revoluções” do século XX se desfizeram em fracassos econômicos, depois de passar, muitas delas, por banhos de sangue e opressões sociais.
Na tipologia de Weber parece estar faltando o tipo de saída que mais avanços tem produzido na História recente da humanidade, e que com certeza está também presente nos movimentos populares no Brasil e na América Latina. Nem adaptação, nem salvacionismo: é a constante pressão da sociedade organizada pela defesa e ampliação dos direitos, pelo reconhecimento das diversidades e pelo aprofundamento da democracia o que tem produzido os melhores resultados – forçando os limites da racionalidade do sistema para fortalecer e não abolir as leis e as instituições.
O remédio para o desencanto do mundo (Weber), para o malestar na civilização (Freud) produzido pelo domínio da racionalidade instrumental na vida humana não está numa volta à irracionalidade, mas em mais e melhor Razão.
Se “só através da magia a vida permanece desperta” (Stefan George), é preciso lembrar também que “o sono da Razão engendra monstros” (Goya – que sabia do que estava falando).
A tênue linha divisória entre forçar os limites da racionalidade econômica e política e rompê-los pode significar a enorme diferença entre a promessa e o terror.
Rejane Xavier
Setembro 2010

sábado, 4 de setembro de 2010

O poder da imagem

Um feriado na Esplanada, sob o olhar do Brito


Orlando Brito é um dos fotógrafos mais poderosos que conheço!

Veja o site dele, clicando AQUI .

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Joga pedra na Geni


Vejam - clicando na imagem - o que eu escrevi no site "Mulheres no Poder", sobre o apedrejamento da iraniana Sakineh.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Lençóis maranheneses - 2010

Convite para ver os albuns da nossa viagem aos Lençóis maranhenses - são uma das maravilhas naturais do planeta!


 Clique na imagem

São Luís (MA) - 2010

A viagem aos Lençóis começa e termina em São Luís. A cidade não tem belas praias, e o centro histórico está bastante abandonado. Mas ainda vale a pena visitar. Os prédios administrativos - Palácio dos Leões, Forum - estão bem conservados, assim como a catedral. Também vale a pena fazer um passeio pela avenida Litorânea, onde os guias mostrarão a casa dos Sarneys, com seu portão "resgatado" de um cemitério de Alcântara. Aliás, a família está em todas: a ponte que une as duas partes (velha e moderna) da cidade se chama "José Sarney" - nome também de uma rua próxima -, e já há uma Avenida Governadora Roseana Sarney.

domingo, 1 de agosto de 2010

Lençóis Maranhenses

Estamos voltando de uma belíssima semana nos Lençóis. Ainda não deu tempo de organizar as fotos, mas aí está o roteiro que fizemos, com algumas observações que acrescentei ao programa fornecido pela operadora. Depois vou completar com as nossas fotos.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Fomos eliminados!

Fazer o que? Agora só em 2014.
Lembrei uma historinha, daquelas que a Manchete publicava com tiradas de crianças pequenas. Uma menininha de 5 anos chora, depois de perder

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Vamos expulsar os holandeses!

A imagem é do cerco a Olinda, em 1630.

 Copa do Mundo de Futebol - 2010
 Os holandeses e o Brasil

Eles já nos invadiram, no século XVII, porque precisavam do nosso açúcar. Os espanhóis, que na época dominavam Portugal e a Holanda, proibiram o comércio deles com os nossos portos,

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Brasil enfrenta Chile nas oitavas de final

Homenagem a Chito Faró, o autor de "Si vás para Chile"

Empate xexelento

Faço minhas essas palavras:

Empate xexelento

Que joguinho sem-vergonha! A seleção brasileira confirmou, contra Portugal, aquilo que já se temia, desde a convocação final. Sem Kaká (e a coisa se agrava ainda mais quando se fica também sem Robinho) o time perde completamente o poder de armação de jogadas.
Saímos em primeiro mas com uma enorme preocupação. Que Kaká e Robinho não nos faltem na hora H, seja contra quem for...

terça-feira, 1 de junho de 2010

What does love mean

Recebi este texto num e-mail, e reproduzo porque é lindo. É em inglês, mas não é difícil.


A group of professional people posed this question to a group of 4 to 8 year-olds: 'What does love mean?'

 'When my grandmother got arthritis, she couldn't bend over and paint her toenails anymore. So my grandfather does it for her all the time, even when his hands got arthritis too. That's love.'
Rebecca- age 8

'When someone loves you, the way they say your name is different.
You just know that your name is safe in their mouth.'
Billy - age 4

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Paz, substantivo feminino

Pessoal, dêem uma olhada no que eu escrevi hoje no site mulheresnopoder.com.br:
http://www.mulheresnopoder.com.br/?p=3575
Aqui, eu posso acrescentar uma frase que deixei de fora lá:
Afinal, ´o mundo é redondo´, e qualquer conflito nuclear vai acabar espalhando cinzas e destruição em cima das nossas casas também... 
Foto: rafa2010 (Flickr.com)

domingo, 18 de abril de 2010

Curiosidades geo-políticas

Andei pesquisando a relação entre o tamanho do Brasil e da União Européia, e de alguns países europeus com estados brasileiros. Além da curiosidade, isso tem implicações políticas e econômicas, mais ou menos evidentes. A carne brasileira produzida no RGS está a milhares de quilômetros da aftosa na Bolívia, ou o etanol produzido em São Paulo a anos-luz da floresta amazônica. Nossa população de (quase) 200 milhões de habitantes é ridiculamente pequena comparada à densidade populacional da França ou da Alemanha. Nossos 513 deputados federais não são nada comparados aos mais de 600 do Reino Unido. And so on.

País

Superfície

(km2)

Cabe dentro de

Superfície

1. França

543.964

Bahia

567.295,5

2. Espanha

504.790

Minas

588.383,6

3. Itália

301.333

Goiás

341.289,5

4. Portugal

91.906

Pernambuco

98.937,8

5. Reino Unido

243.820

Piauí

252.378,6

TOTAL UE

4.231.551

Total Brasil

8.511.965

Toda a União Européia (com os países do leste, a Turquia, etc) cabe duas vezes dentro do Brasil.


terça-feira, 30 de março de 2010

A orla do Guaíba: polêmica

Recebi do Flávio Xavier o texto abaixo - não sei se é dele mesmo ou se ele transcreveu de outro autor. O assunto é polêmico - parece que muitas cidades, em todo o mundo, têm modernizado suas orlas com esse tipo de empreendimentos comerciais - e certamente merece uma reflexão. Aí vai:

"Hoje no aniversário de Porto Alegre temos um dia de luto. Nossa cidade, apenas nesta administração de vereadores foi muito enfeiada e mal tratada, e a maior parte dessas obras que agridem nossa cidade nem são do conhecimento da maioria. Vejamos alguns exemplos de realizações dos atuais vereadores e do prefeito Fogaça que provavelmente você nem sabia.

1- Vc sabia que apenas nesta administração foi aprovada a construção de um shoping Center ao lado do gasômetro e tocando a água do Guaiba?

2- Vc sabia que 15 prédios foram aprovados na orla do Guaiba, quase todos em menos de 100 metros da água, tirando espaço público da população, muitos em áreas do parque Marinha? São eles os diversos prédios do Estaleiro Só, dois ou três prédios no Cais Mauá, dois em cada Shoping da beira rio, três junto ao beira rio, e um para a Ospa?

3- Vc sabia que o muro da Mauá vai seguir lá, inclusive agora com privatização da parte da beira rio (uso privado de 50 anos para alguns abonados)?

4- Vc sabia que a bienal e a feira do livro foram expulsas da beira rio, nunca mais teremos estes eventos culturais ali e que o falado Museu de Arte Contemporânea que seria nos armazéns da beira rio ficou no projeto?

5- Vc sabia que o mais alto prédio do centro, um prédio de 33 andares, apenas de escritórios, será construído dentro do passeio público do cais, defronte a rodoviária, com a aprovação de 29 dos atuais vereadores (todos), menos os valiosos votos indignados de apenas 4 vereadores (Carlos Todeschini (PT), Sofia Cavedon (PT), Maria Celeste (PT), Lúcio Barcelos (PSOL) e Fernanda Melchionna (PSOL))?

6- Vc sabia que trocaram a leitura cientifica do Guaiba de rio para lago, apenas para poder “urbanizar” de edifícios o parque Marinha?

7- Vc sabia que o lema da administração municipal para o nosso trânsito é: “o trânsito de Porto Alegre continua em nossas mãos”, referindo-se ao novo sinal de trânsito para faixas de segurança? Esse lema é evidentemente um escárnio, diante dos engarrafamentos sem fim que tomaram conta de Porto Alegre, escapando não apenas das nossas mãos, como das mãos da administração pública! Essa administração não trouxe o metro para Porto Alegre, e as únicas providências que tomaram sobre os engarrafamentos que denotam a falência da estrutura viária da cidade foram: diminuir o tempo de semáforo para os pedestres e roubar espaço das calçadas para os carros.

8- Vc sabia que uma das obras do cais será um enorme edifício de estacionamento para carros?

Essa não é uma cidade melhor nestes últimos anos. Temos um momento de tristeza para lembrar da cidade hoje. Vamos providenciar um movimento menos ufanista para lembrar que estamos tristes com nossos políticos que vendem áreas públicas para a especulação imobiliária e para as construtoras. Uma caminhada no entorno do gasômetro seria um local emblemático para um protesto deste tipo. Uma proposta de mudar o nome da cidade para “Porto nem tão Alegre”, também poderia ser examinada."

sexta-feira, 26 de março de 2010

Video muito engraçado

Pessoal, o video anexo é muito engraçado! Não deixem de olhar.

Demolição da escola (só clicar no link)

(acho que precisa ter o Real Player instalado)

sexta-feira, 19 de março de 2010

O Caim de Saramago: ironia, sátira, heresia

José Saramago, o Nobel português de literatura, usa Caim para atacar Deus, em seu mais recente trabalho. Ou melhor: é com uma certa idéia de Deus – idéia criada e cultivada pelos homens – que ele quer ajustar contas. Confessadamente ateu, por que ele se daria ao trabalho de atacar – algo, alguém – que não existe?

Saramago já tinha reescrito à sua moda o Novo Testamento, em O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991). Em Caim ( Companhia das Letras, 2009) ele revisita o Velho Testamento, convencido de que “o Deus dos cristãos não é esse Jeová”.

Não é o primeiro grande escritor português a fazer isso. Fernando Pessoa usa o menino Jesus para contrapor, à idéia do deus distante, do pai que julga e condena, um deus criança, irmãozinho, travesso, próximo e cúmplice das travessuras humanas:
“Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano, que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso, que eu sei com toda certeza,
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
Pois esse menino Jesus de Pessoa, fugiu do céu, porque lá, explica, “tudo é estúpido como a igreja católica” e “Deus é um velho estúpido e doente”.

Em Caim não há nenhum deus bonzinho para substituir ou contrabalançar o deus terrível, criador e algoz da humanidade, que Ele parece se comprazer em fazer sofrer.
Arbitrário e injusto, Deus recusa as oferendas de Caim, enquanto aceita as de seu irmão, Abel, sem nenhuma razão aparente. Caim mata o irmão, e se torna o contraponto que Saramago escolhe para denunciar os “absurdos” que lhe parecem povoar as atitudes divinas no Velho Testamento.

Com ironia, humor e até alguns momentos picantes, Caim – espécie de dom Quixote, montado em um asno –, se desloca pelos lugares e épocas da velha Terra Santa testemunhando, e às vezes intervindo em conhecidos episódios bíblicos.

Deus manda Abraão sacrificar o próprio filho, Deus se vinga dos homens que queriam chegar até ele construindo uma torre, Deus despeja fogo sobre as cidades pecaminosas de Sodoma e Gomorra, exterminando pecadores e inocentes; Deus se aborrece com a sua criação e manda o dilúvio para destruir (quase) tudo...

As histórias são conhecidas, as idéias de Saramago a respeito delas também. O que torna esse livro tão interessante? A provocação, por um lado: ele nos obriga a pensar, até mesmo para poder refutá-lo, se não concordarmos com ele. Mas sobretudo as qualidades literárias da narrativa, que nos prende do começo ao fim. Caim tem algo da novela picaresca ibérica e algo do realismo mágico latinoamericano, uma pitada de cordel, um tempero on the road, um aroma de relato heróico clássico e até um acento paradoxalmente bíblico. A mistura deu certo, acredito. E recomendo.

quarta-feira, 10 de março de 2010

A experiência de Zimbardo

Este video já foi tirado uma vez do You Tube: olhem logo.
Foi um professor de Psicologia de Stanford, que para estudar os efeitos do autoritarismo criou uma "prisão" super realista no porão da universidade. Os resultados foram surpreendentes!


domingo, 7 de março de 2010

Brasília

Repico um comentário da Gianna, no Facebook:

Gianna Xavier "Brasília é um futuro que aconteceu no passado. É o fracasso do sucesso mais espetacular do mundo. Brasília é uma estrela espatifada." Ai Clarice [Lispector], se você soubesse o que fizemos com essa cidade.....

sábado, 6 de março de 2010

Mais uma da Cinthia

Já recomendei o blog da Cinthia, Palavras Abraçadas. Mas gostei tanto de uma das crônicas que ela escreveu lá, que resolvi colocar o link aqui:
http://palavrasabracadas.blogspot.com/2010/02/desabafo-candango.html
Não tenho tanta autoridade quanto ela (afinal, cheguei aqui quase aos 50 anos), mas assino embaixo!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Um aniversário

23 de fevereiro: há 9 anos, precisamente, aconteceu o acidente em que morreram o Francisco, a Cláudia e a Júlia.
Francisco, uma história cheia de realizações – e ainda tinha tanto a aproveitar e a contribuir neste mundo, que ele amava e queria melhorar!
Cláudia, feliz, curtindo o casamento, a maternidade, o doutorado em andamento.
Júlia, abrindo os olhos curiosos para a vida, que parecia se estender rica e infinita à sua frente.
O feriado tranquilo na fazenda não aconteceu. O acidente no pouso, e tudo terminou.
Tudo, não. Ficaram as lembranças e as saudades. Essas só se apagarão quando o último de nós, que convivemos com eles e os amamos, tivermos ido finalmente também.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Mais cidadania

Vejam o que eu escrevi no site Mulheres no Poder:

http://www.mulheresnopoder.com.br/2010/02/05/artigo-30/:


Mais cidadania

Rejane Xavier
RexQuando pensamos em “cidadania”, é praticamente certo que nos venha à mente a idéia de direitos dos cidadãos. As pessoas querem ser mais ouvidas, mais respeitadas, melhor tratadas, especialmente por parte do governo. Nas escolas, nos hospitais públicos, nas questões de segurança, de transporte coletivo, da atenção aos deficientes e aos idosos, até no comportamento esperado dos políticos, “mais cidadania” nos leva a pensar em mais responsabilidade por parte dos agentes públicos, e mais espaço para a manifestação das reivindicações e das expectativas da população.

Isso não está errado, mas é apenas um dos lados da questão. Se olharmos para a origem da palavra, “cidadania” vem de cidade. Tem a mesma origem de “civilização” e de “civilidade”. Lembra que o ser humano não vive isolado: convive com os outros, precisa dos outros e os outros precisam poder contar com ele, para que o grupo, a “cidade” funcione bem para todos.

Assim, é falta de cidadania, por exemplo, deixar aberta a tampa da garrafa térmica do cafezinho do escritório, depois de se servir. Pois os colegas que chegarem mais tarde vão encontrar o café frio, que vai ser jogado fora, e um novo terá de ser passado, com desperdício de energia e de matéria prima, além de deixar todos de mau humor…

É falta de cidadania deixar água parada no pátio, alimentado mosquitos que vão provocar doenças em toda a vizinhança. É falta de cidadania jogar lixo na rua, que vai entupir as bocas de lobo e contribuir para inundações que levam à perda dos bens e até de vidas alheias.

É falta de cidadania avançar o sinal, bloqueando a passagem do fluxo no cruzamento Como é falta de cidadania pegar aquela fila da direita, no trânsito, que visivelmente vai trancar logo em seguida, e então cortar a frente daqueles que, pacientemente, estão seguindo a fila certa.

É falta de cidadania beber e dirigir; furar filas; colar em provas e concursos; trocar o voto por alguma vantagem pessoal.

Tudo isso parece meio sem pé nem cabeça? O que tem a tampa do cafezinho com a venda do voto? E o que tem tudo isso com cidadania? Pois uma coisa muito simples: são todos exemplos de alguém mais interessado na vantagem pessoal, na solução individual para o seu problema imediato do que nas consequências da sua ação para o grupo de colegas, a vizinhança, a cidade.

Uma curiosidade para concluir. Se cidadania vem de cidade, ela tem a mesma origem de política. Pois política vem de “pólis”, que em grego significa exatamente … cidade. Então, vamos deixar de pensar e de agir como se “política” fosse coisa só dos políticos. Todos nós somos responsáveis pelo tipo de cidade e de política que temos.