Com Goodman e Catherine Elgin, em Harvard |
Vejamos o que diz
Goodman[1]:
"O modo como o
mundo deve ser visto
Classificamos imagens
muito facilmente segundo o seu grau de realismo. A mais realista é aquela que
mais se aproxima de uma fotografia colorida; e as imagens se tornam
progressivamente menos realistas, e mais convencionais e abstratas, à medida em
que se afastam desse padrão. A maneira como melhor vemos o mundo, a melhor
aproximação pictórica do modo como é o mundo, é o modo como a câmera o vê. Esta
versão da questão é simples, direta, e bastante geralmente aceita. [Ela] tem
tudo a seu favor, exceto que, penso eu, é bastante errada.
Se tiro uma fotografia
de um homem com os pés em direção a mim, os pés podem sair tão grandes como seu
torso. É desta maneira que eu geralmente ou propriamente vejo o homem? Se é,
então por que chamamos uma tal fotografia distorcida? Se não é, então não
posso mais pretender estar considerando a visão fotográfica do mundo como meu
padrão de confiabilidade.
.... A fotografia
"distorcida" é um exemplo bastante trivial de algo muito mais geral e
importante. A "distorção" da fotografia é comparável à distorção dos
estilos de pintura novos ou não familiares.
....Cada maneira
diferente de pintar representa uma maneira diferente de ver; cada uma faz a sua
seleção, sua ênfase; cada uma usa seu próprio vocabulário de convencionalização.
... ver é uma
atividade, e a maneira como a desempenhamos depende em larga medida de nosso
treinamento. .... Um africano ou um japonês faria uma escolha bem diferente se
solicitado a selecionar as imagens que reproduzissem mais fielmente o que ele
vê. ....
O resultado de tudo
isso é que não podemos descobrir muito a respeito de como o mundo é perguntando
sobre o melhor ou mais fiel ou mais realístico modo de vê-lo ou de
representá-lo. Pois os modos de ver e de representar são muitos e variados;
alguns são fortes, efetivos, úteis, intrigantes, ou sensíveis; outros são
fracos, tolos, insípidos, banais ou confusos. Mas mesmo que os últimos sejam
todos excluídos, ainda assim nenhum dos demais pode ter qualquer justa
pretensão de ser o modo de ver ou de representar o mundo como ele é."
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