terça-feira, 17 de maio de 2011

Muitos bandos

Os comentários dos sobrinhos têm produzido textos tão legais que resolvi colocá-los como posts independentes. Então, não fiquem tristes se os textos que enviaram "não têm comentários" - cada um deles faz parte de uma rede de comentários recíprocos, OK?  (RX)
Borges tem um conto em que fala de um gaucho andando a cavalo pelos pampas que me causa arrepios.
É tão forte que dá prá sentir frio, cheiro de pasto e sobretudo melancolia, muita melancolia. Se essa melancolia toma cores diferente segundo se esteja deste ou daquele lado da fronteira eu não saberia dizer. Se o fato de sermos gaúchos com acento explica a razão de termos essas manifestações "folclóricas" tão exacerbadas é algo interessante de estudar.


Apesar de ser totalmente portoalegrense, venho de uma família com fortes valores gauchescos. Mesmo a geração mais jovem dos primos (somos 40 e poucos) encarna a figura do gaudério.



Eu, por outro lado, tive a oportunidade de aguçar a minha sensibilidade ao novo e ao diferente e me dá tristeza ver que meus amigos do Sul do Sul estão muitas vezes fechados dentro do que consideram "sua identidade".
Como dizia um Bebeto Alves dos anos 70: "somos de um bando e de muitos outros"

Como querem as mais modernas teorias antropológicas, acredito na construção de identidades relacionais, que não são fixas mas sim vão se criando e mudando de acordo com os contextos em que se formam.
Por isso, acho que uma identidade cultural gauchesca só tem valor se puder ser construída pensando nessa mobilidade e isso, haja vista o fervor com que se entregam às manifestações folclóricas, me parece difícil.

Meu negócio é outro, sou do mate com pandeiro, samba com tango, churrasco com tapioca e via va.

PS- Acabo de voltar de Porto Alegre e, para minha surpresa e alegria, assisti a um showzinho no Parcão, sábado de manhã, com um grupo de jovens músicos, tocando chorinho e sambinhas legais. As pessoas, de cuia em mão, se divertiram e cantaram.
Foi uma beleza!

 Gianna Xavier

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